“Quando os nazistas pegaram os comunistas, eu me calei, porque não era comunista. Quando prenderam os social-democratas, continuei em silêncio, porque não era social-democrata. Quando começaram a perseguir os católicos, não protestei, uma vez que não sou católico. Quando afinal, me pegaram, já não havia mas ninguém que pudesse protestar.”
Esse texto - bastante conhecido – é do teólogo protestante Martin Niemüller, que era o líder espiritual do povo luterano de Dahlem, um bairro de Berlim. Em 1937, foi preso e condenado pelos nazistas a sete meses de prisão.
Se não nos erguermos resolutamente contra o inaceitável, pode ser que venhamos a precisar de um novo Martin Niemüller, para escrever algo assim :
- Quando massacraram os presidiários rebelados numa cadeia de SP, eu não protestei, porque não sou presidiário e muito menos rebelado.
- Quando mataram os meninos de rua da Candelária, no Rio, eu fiquei em silêncio, porque não sou menino de rua e nunca fui pivete.
- Quando exterminaram os índios na Amazônia, não sei exatamente quantos eram, nem se estavam no Brasil ou na Venezuela, permaneci quieto no meu canto, porque – é claro – não sou índio.
- Quando fuzilaram os favelados de Vigário Geral, não abri a boca, porque, afinal, não moro em Vigário Geral.
- Quando mataram os sem terra, que lutavam pela reforma agrária, me calei, porque nunca precisei lutar por um pedaço de chão.
- Quando vi filhos de pessoas ilustres de Brasília saírem impune após terem queimado e matado o índio Galdino, me calei, porque não foi meu filho que acabara de morrer queimado.
- E quando me pegarem não sei se vai haver gente para ouvir o meu grito.